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Foto do escritorCaroline Rodrigues

Dog: a linguagem e a nossa história

quinze imagens de cachorros de diferentes raças e cores, vestindo roupas e acessórios coloridos sobre fundo azul.

"Dog" talvez seja uma das primeiras palavras em inglês que aprendemos e quase todo mundo sabe o que significa. Em inglês, essa palavra está presente em diversas expressões, afinal, o melhor amigo do homem já está presente na nossa história há muitos anos. Este texto é uma adaptação do post Histórias das palavras, do Oxford English Dictionary.


Cachorro: o melhor amigo do homem?

A história da relação humana com o Canis familiaris é longa e complexa e se reflete na linguagem usada ao longo dos séculos para descrever o cachorro e seu mundo. A primeira ocorrência da palavra "dog" é em Old English (inglês antigo), mas é menos documentada que seu sinônimo "hound". Como acontece com muitas palavras da língua inglesa, esta tem origem em línguas antigas germânicas, o que pode ser visto pela similaridade com a alemã "hund" e a holandesa "hond", por exemplo. Agora, a palavra "dog" está entre algumas das inúmeras palavras inglesas para animais de origem obscura que não se parecem com nenhuma outra língua europeia.


Cruel, devorador e atento

Antes do século dezoito, os cães eram utilizados para caça, trabalho ou para proteger a casa e a linguagem usada para descrevê-los frequentemente reflete isso. Nos mais antigos provérbios e ditos, os cães são retratados como animais cruéis, devoradores ou atentos. "To throw or cast someone to the dogs" (atirar alguém aos cães), de 1556, significa levar alguém à destruição ou ruína. "Dog-eat-dog" (cão come cão), de 1794, descreve uma situação em que as pessoas estão dispostas a prejudicar uma a outra para obterem sucesso. Outros ditos refletem a mais antiga função dos cachorros como guardiões, como o provérbio medieval "to wake a sleeping dog" (acordar um cão adormecido) ou "let sleeping dogs lie" (deixe os cães adormecidos), que significam estimular ou provocar alguém ou algo que não está causando nenhum problema.


Uma vida (terrível) de cachorro

Pelo menos até meados do século dezenove, os cães tinham uma vida terrível em que passavam fome, apanhavam e ficavam doentes com frequência. Muitas vezes eram considerados inúteis e traiçoeiros e, por isso, em muitas línguas, a palavra passou a ser referência para o demônio. Alguns provérbios e ditos comprovam essa vida miserável dos cachorros. "To be sick as a dog" (doente como um cão) e "to lead a dog's life" (levar uma vida de cão) indicam bem como a vida deles tipicamente era. "To die a dog's death" (ter uma morte de cão) significa ter um fim desgraçado e miserável. Na época, era comum que cachorros fossem enforcados; o dito "to give a dog a bad name and hang him" (dar um nome ruim ao cão e enforcá-lo), utilizado a partir do fim do século dezessete), vem da prática de enforcar cães de má reputação (às vezes, de acordo com algumas fontes, após um processo judicial grosseiro).


diversas imagens de cachorros de diferentes raças e cores, vestindo roupas e acessórios coloridos sobre fundo verde.

Modernidade: colo e cuidados

Com o tempo, no entanto, é possível detectar uma mudança na linguagem usada para se referir a cães. Até o final do século dezoito, cãezinhos mantidos como pets eram vistos com certo desdém. Porém, em meados dos anos 1700s, expressões que demonstram que os cães passaram a ter outros cuidados começam a aparecer. Entre elas, as que denotam os confortos, como "dog baskets" (cestas de cachorros), de 1768, "dog biscuits" (biscoitos de cachorros), de 1823, "dog doctors" (médicos de cachorros), de 1771, e "dog soap" (sabão de cachorro), de 1869. A primeira referência do cão como "o melhor amigo do homem" aparece em 1841, quando eles começaram a ser vistos de forma sentimental, com alma, personalidade e sentimentos. Isso talvez se deva ao fato de que nas cidades já não havia necessidade de trabalhar com cães, ou tê-los para proteção, além do advento da vacina contra a raiva nos anos 1880s, fazendo com que eles não fossem mais uma ameaça.


Depois de ler este texto, eu compreendi melhor uma frase que aparece na música A Hard day's night, dos Beatles, que diz "And I have been working like a dog". Eu entendia que era trabalhar muito, mas na minha experiência com cães, no mundo moderno, os cães não trabalhavam tanto assim e eu achava estranha essa comparação. Bom, agora tudo faz sentido! E é por isso que a linguagem é tão importante, pois representa um registro da nossa história e das relações sociais entre os humanos e tudo ao seu redor.


Será que dá para pensar em alguns exemplos no nosso idioma?

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